A comunidade candomblecista está comemorando, tudo porque após muita luta da sua comunidade, o Seja Hundé, um dos mais tradicionais terreiros de nação jeje do País, localizado em Cachoeira, no recôncavo baiano, já desfruta de proteção federal.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) publicou, no último dia 10, a notificação sobre o processo de tombamento do terreiro. Pela notificação, o local já irá receber proteção federal e toda intervenção no terreiro ou em sua vizinhança imediata
O processo de tombamento se fundamenta no elevado valor histórico e etnográfico do terreiro.
O tombamento deverá então corresponder ao conjunto de bens imóveis do terreiro, incluindo o sítio natural e os elementos edificados ou de espécies arbóreas referenciais dos ritos Jeje, a exemplo das Casas de Hospedagem, do Oiá (Altar), dos Pejis (cerimoniais) de cima e de baixo, com salão, "ronco" e cozinha sagrada, a Casa dos Antepassados, 12 Árvores Sagradas, o riacho Caquende - ODÉ e as margens ou lados: Aziri e Avinagé.
A ocupação do Terreiro da Roça do Ventura, no ano de 1858, contribuiu para a preservação das tradições religiosas da nação Jeje-Mahi, de matriz africana. O local assumiu um papel importante na organização da rede de terreiros do Recôncavo Baiano e, sobretudo, para a formação histórica do Candomblé como uma instituição religiosa.
Tudo teve inicio com uma denúncia do jornal A Tarde, que publicou o ataque de especuladores imobiliários a área que compreende o local do terreiro, com o intuito de ser construído um condomínio particular. Mesmo com tantas dificuldades, a comunidade do Seja Hundé já pode comemorar.
Agora é um passo seguro até o tombamento, e que já protege a Casa de agressões como o desmatamento de seu espaço sagrado, ocorrido recentemente.
Esse reconhecimento nacional para o Seja Hundé é mais uma vitória no caminho da reparação aos templos de matriz africana que já foram tão perseguidos pelo Estado em suas variadas representações.