História contada pelas próprias mãos. A premissa é a motivação da yalorixá Valnísia de Aiyrá,que lançou o segundo livro, Aprendo Ensinando: experiências num espaço religioso, no último dia 12, às 18 horas, na Praça de Oxum do Terreiro da Casa Branca,Av. Vasco da Gama, 463.
Dois anos depois de iniciar o registro de sua trajetória em Resistência e Fé: fragmentos da vida de Valnízia de Aiyrá, de 2009, falando sobre pessoas que fizeram parte da sua vida, como a infância e a sua iniciação religiosa, a líder espiritual do Terreiro do Cobre, na nova obra,l ançada no dia do seu odún (data de iniciação), conta seu processo de aprendizagem com os erros, acertos, trocas e observações ao longo da formação e crescimento da família de axé.
A narração detalhada das situações com as dificuldades e êxitos demonstra a segurança de quem sabe e sente o que escreve, típico da experiência adquirida na academia da vida de onde faz questão de ser eterna aluna. Essa transparência é traduzida nas 100 páginas de discurso leve como uma conversa, tornando o leitor um amigo.
Desde o primeiro iniciado, Mãe Val conta a chegada e trajetória decadafilhoqueXangôdelegou a vida espiritual aos seus cuidados até hoje. Depois da primeira publicação, Mãe Val amplia o legado aos seus filhos e religiosos do Terreiro da Casa Branca (o mais o mais antigo terreiro da nação ketu no Brasil), onde foi iniciada.
O fato de conhecer detalhes de sua história por pesquisas antropológicas incomodou a sacerdotisa, que é tataraneta da africana Margarida de Xangô, que se instalou na Barroquinha,e bisneta de Flaviana Bianc de Oxum, que trouxe o Cobre para o Engenho Velho da Federação.
Convicta da importância de repensar suas ações, fazer o melhor e mudar no que for necessário,a autora abre espaço para filhos e amigos que expressam opiniões sobre o terreiro e sua líder em poesias e depoimentos. Atitude que revela a consciência do significado do registro na religião, que tem a oralidade e a vivência como meios básicos de repasse de conhecimento,e a consciência de ter muita história para contar.
“Para conhecer as histórias sobre minha tataravó Margarida de Xangô e sobre minha bisavó Flaviana Bianc recorri aos estudos de um historiador francês. Então, nesses anos todos dessa minha trajetória espiritual eu fiquei pensando por que eu mesma não poderia contar as histórias da minha comunidade”, afirma Mãe Valnizia.
De acordo com a yalorixá, um dos objetivos desse novo livro é enriquecer a memória coletiva da comunidade religiosa que lidera. “Eu quero que no futuro os netos e bisnetos dos meus filhos-de-santo saibam de onde vem a sua ancestralidade e tenham consciência do que estão fazendo no Terreiro do Cobre”, acrescenta Mãe Valnizia.
A iniciativa tem o apoio da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e a parceria da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi); Fundação Pedro Calmon, da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia; Secretaria Municipal da Reparação (Semur) e APLB.
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