domingo, 20 de novembro de 2011

Dia da Consciência Negra





Dia da Consciência Negra

O Dia da Consciência Negra é comemorado em todo o 
Brasil no dia 20 de novembro.
A data foi escolhida por ser o dia da morte de um grande líder negro,
Zumbi dos Palmares, em 1695.
É um dia para reflexão de todos nós, irmãos, caminhando
e trilhando os mesmos lugares. 
Lutando pelos mesmos
ideais de igualdade, fraternidade e amor. 
Dia para lembrar do respeito pelo próximo.
Banindo qualquer espécie de preconceito.
É dia de dar as mãos e numa imensa oração pedir
A união de todas as raças, em todas as partes do mundo.
Negros. Brancos. Amarelos. Índios. Asiáticos. Todos
Iguais numa corrente de solidariedade e energia,
Vencendo a barreira dos preconceitos e das fronteiras.
Um dia para movimento em favor da paz! 
Da Verdade! Da amizade! Da igualdade!
Mostrando, assim, que não existe diferença entre as pessoas.
Dia para mostrar a luta do negro pelo seu espaço na sociedade.
Sua integração! Seu valor! Sabedoria! 
A história de Luta e orgulho através dos séculos! 
O início da luta,
A vitória! A glória! Dia da consciência negra! 
Dia de bater no peito e lembrar que se o caminho foi duro,
Hoje é o dia de colher os bons frutos de uma luta que
Começou há muito séculos atrás! 
Dia de libertar o Coração da dor! Dia da consciência! 
De entrelaçar as Mãos num gesto de carinho e ternura! 
Dia de doçura! 
De lembrar que a luta sempre continua! 
Hoje, amanhã e sempre!!


Antonio Marcos Pires,
Rio de Janeiro - RJ - por correio eletrônico
site: 
http://www.pucrs.br/mj/mensagens-consciencia-negra.php

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

MPs pedem indenização a empresário que destruiu terreiro sagrado de candomblé para construir condomínio de luxo


Aliny Gama
Especial para o UOL Notícias



O empresário e advogado Ademir Oliveira dos Passos está sendo processado em uma ação civil conjunta do Ministério Público Federal e do Ministério Público Estadual da Bahia por ofensa à liberdade religiosa e destruição de patrimônio histórico. Passos é acusado de invadir e destruir 14 hectares de área verde, aterrar uma lagoa e o barracão da Roça de Cima –pertencente ao terreiro de candomblé da Roça do Ventura–, para construção de um condomínio de luxo, localizado no município de Cachoeira (110 km de Salvador).
Segundo a ação, o empresário pretende construir um condomínio-clube com 110 casas na área e se negou a paralisar a construção mesmo após o embargo da obra, determinado pela Justiça. O pedido para suspensão das obras foi feito por conta do processo de tombamento do local, feito pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
Se condenado, o empresário deverá reconstruir o barracão, pagar a indenização de mil salários mínimos (R$ 545 mil) à comunidade da Roça do Ventura, além do valor de R$ 455 mil por dano moral coletivo, totalizando R$ 1 milhão. Segundo a ação, houve violação da dignidade da pessoa humana e ao patrimônio religioso, material e imaterial. O local é considerado sagrado por ser o primeiro templo do candomblé da nação “Jeje Mahin”, fundado em 1858.
Na ação, o MPF e o MPE destacaram que o empresário ordenou que funcionários da construção usassem um trator para derrubar árvores centenárias consideradas sagradas, além de aterrar a lagoa de Nanã e destruir louças do século passado, que estavam nos assentamentos dos voduns (imagem de um orixá africano que representa um guerreiro defensor do terreiro). Os órgãos fundamentaram a ação pela “imperiosa necessidade de assegurar a proteção constitucional à liberdade de consciência e de crença”.
A comunidade da Roça destacou que foram derrubadas árvores das espécies jaqueira, sucupira, ubaúba, mangueira, olicuri e são gonçalinho. Tanto a lagoa quanto as árvores foram consagradas aos orixás do candomblé. A Roça do Ventura era o local onde os adeptos mais antigos do candomblé realizavam os rituais africanos.
O valor histórico e etnográfico do terreiro foi destacado em 2008, com o início do processo de tombamento no Iphan. O registro pretende garantir a liberdade e as práticas religiosas ancestrais da Roça. O tombamento abrange um conjunto de imóveis e área do sitio, como a cozinha sagrada, o salão dos rituais, as Casas de Hospedagem do Oiá (que possui um altar), dos Pejis (local das cerimônias), a Casa dos Antepassados, além da área onde estão localizadas 12 árvores consideradas sagradas pelo candomblé e o riacho Caquende.
A Roça do Ventura está localizada na fazenda Altamira –que pertence ao empresário Ademir Oliveira dos Passos–, mas deveria ter sido preservada até um posicionamento do Iphan. Para executar a obra, o empresário teria de pedir autorização do instituto.
Depois da intervenção na área, o Núcleo de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (Nudephac) realizou um laudo sobre os impactos na área e classificou as obras como uma “violação ao direito assegurado pela carta magna de liberdade de crença e proteção aos locais de culto.”

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Nós Não estamos sozinhos - Leci Brandão é contra PL 922/11

Nós Não estamos sozinhos, diante da notícia da apresentação do PL que teoricamente nos proibiria oferecer animais a nossos Orixás, resolvi buscar respostas de nossos constituintes paulistas, optei pela Dep. Leci Brandão por sabe ser ela uma pessoa de fácil acesso, que me respondeu a questão formulada, bem como enviou através de um assessor parlamentar ao Jornal A Gaxéta, uma carta com suas opiniões, a qual iremos transcorrer ao final, como fora prometido na postagem anterior.

No último dia 19, religiosos representantes de todas as vertentes de Matrizes Africanas estiveram presentes na Assembléia Legislativa de São Paulo, juntamente com representantes da OAB, e parlamentares, entre eles a Dep Leci Brandão que publicou em seu twitter a foto do evento, bem como sua posição pessoal a repeito do Projeto do Dep. Feliciano do PV, além do ja citado texto enviado ao Jornal A Gaxéta, como segue:



Leci Brandão 
 por aotoquedoadja
O PL 992/2011, de Autoria do Deputado Feliciano Filho, do PV, ignora uma Liberdade de Culto e desrespeita uma Tradição religiosa afrobrasileira


Leci Brandão é contra PL 922/11 (PL da Intolerância)Trecho de texto enviado por Roberto Almeida - Assessor Especial Parlamentar20.10.11
 “Prezad@s,
Agradeço em nome do Mandato da Deputada Leci Brandão pelas contribuições com informações e propostas para que possamos contribuir para o enfrentamento da intolerância religiosa no Estado de São Paulo. Apesar de nossas ações ainda não repercutir diretamente na agenda geral do universo de matriz africana, as contribuições tem dado condições de apontar os melhores caminhos e atuar no combate ao racismo institucional.

Quanto ao projeto em questão, primeiro, é preciso dizer que REPUDIAMOS totalmente
tal proposta, que do nosso ponto de vista se caracteriza com uma dimensão do racismo institucional, e estamos com nossa equipe empenhada em buscar formas de barrar o andamento do mesmo, e contribuiremos no sentido de arregimentar esforços para fazer uma pressão política contraria a proposta, que alimenta a intolerância contra as religiões de matriz africana.”

Fraterno abraço

Roberto Almeida - BETO
Assessor Especial Parlamentar
Coordenação das Relações Institucionais do Gabinete
Gabinete da Deputada Estadual LECI BRANDÃO
Tel: 11 3886.6794 - 11 7843.1686
A Gaxéta

Esclareço que o objetivo deste blog não é fazer campanha em prol de nenhum político, apenas usei dos meios que estavam ao meu alcance para obter uma resposta de um dos constituintes do Estado, deixando desde já este espaço aberto a qualquer um que deseje manifestar seu apoio e suas ações em defesa das Religiões Africanistas... Asé a todos!!!

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Projeto de lei proíbe sacrifício de animais em rituais religiosos em SP Autor da ideia, deputado do PV diz ser 'cristão e vegetariano'. Religioso afirma que proposta, ainda em tramitação, resvala na 'hipocrisia'.


Roney DomingosDo G1 SP

fonte:   G1
O deputado estadual Feliciano Filho (PV), que diz ser cristão e vegetariano, propôs à Assembleia Legislativa de São Paulo o projeto de lei 992/2011, que proíbe o sacrifício de animais em práticas de rituais religiosos no estado de São Paulo. O texto prevê multa de 300 Ufesp (Unidade Fiscal do Estado de São Paulo) ou R$ 5,2 mil para cada infração, dobrando de valor em caso de reincidência.


A proposta tem provocado protestos do presidente do Fórum de Sacerdotes do Estado de São Paulo e do Instituto Nacional de Defesa das Tradições de Matriz Afro Brasileira, Tata Matâmoride. "Já entramos em contato com o presidente da Assembleia para informar que esse projeto é inconstitucional." Ele cita o artigo V da Constituição, que estabelece que "é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias".

Autor do projeto, Feliciano Filho reconhece que a ideia é polêmica, mas afirma que "a liberdade de culto vem depois do crime de crueldade".  Ele estima que os contrários ao projeto são uma minoria. "Não sei de onde virá a pressão, só sei que é uma minoria. Tem de valer o interesse da sociedade. Não pode valer o interesse de classe. Não queremos cercear a liberdade de culto", afirma.


O deputado está convencido de que a proposta, que começa a ser analisada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), deverá ser aprovada e afirma que vai tentar ouvir as pessoas que podem sentir-se afetadas pela proposta. "A gente vai tentar porque tem muitos projetos em andamento, quando [o projeto] estiver mais perto da ordem do dia. Mas a proposta não tem vícios de iniciativa e é constitucional", afirma.

Tata Matâmoride, que também é conselheiro do Fórum Interreligioso da Secretaria de Estado da Justiça e do Comitê de Cultura de Paz da Assembléia Legislativa, afirma que a proposta revela "hipocrisia". "Todo mundo fica defendendo animalzinho, mas ninguém deixa de usar sapato de couro", afirma. De acordo com ele, caso propostas como essa sejam válidas, deve haver também a restrição ao sacrifício de animais no Natal.
O religioso diz que iniciativa igual não prosperou em Piracicaba, no interior de São Paulo, onde foi vetado em 2010 pelo prefeito Barjas Negri. "Já houve inicitaiva igual em Piracicaba, mas não colou, porque não é competência do estado legislar sobre esse assunto", diz.
Veja Agora o inteiro teor do projeto:


LEI PROÍBE SACRÍFICIO DE ANIMAIS EM SP

Diário Oficial do dia 15/10/2011

"PROJETO DE LEI Nº 992, DE 2011
Proíbe o uso e o sacrifício de animais em práticas de
rituais religiosos no Estado de São Paulo e dá outras
providências.
A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO
DECRETA:
Artigo 1º - Fica proibido a utilização e/ou sacrifício de animais em práticas de rituais religiosos no Estado de São Paulo.
Artigo 2º - O descumprimento do disposto na presente Lei
ensejará ao infrator, a multa de 300 UFESP’s (Unidade Fiscal do
Estado de São Paulo) por infração, dobrando o valor para cada
reincidência.
Artigo 3º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
JUSTIFICATIVA
A Constituição da República Federativa do Brasil estabelece
que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações (art. 225º, VI). Para assegurar a efetividade desse direito, incube ao Poder Público: Proteger a fauna e a flora, vedadas,
na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função
ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os
animais a crueldade. (§ 1º, VII).
Somos favoráveis à preservação e ao incentivo às tradições
e manifestações culturais, bem como ao exercício dos cultos e
liturgias das religiões de matriz africana, contudo, não podemos
permitir que animais indefesos sofram esta crueldade.
Por todo o exposto, contamos com a colaboração desses
Nobres Pares para aprovação do Projeto de Lei em tela.
Sala das Sessões, em 11/10/2011
a) Feliciano PV
"


Na data de hoje entrei em contato via Twitter e por email com a também deputada Leci Brandão, tendo em vista ser ela adepta do candomblé e nunca ter ocultado isso do público, a fim de saber qual sua opinião sobre o projeto, aguardarei seu posicionamento que será devidamente publicado neste blog.
Cabe a nós agora nos unir-mos a fim de repudiar este projeto par vê-lo ser reprovado na Assembléia Estadual.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Lançamento do livro: Aprendo Ensinando: Experiências num Espaço Religioso






História contada pelas próprias mãos. A premissa é a motivação da yalorixá Valnísia de Aiyrá,que lançou o segundo livro, Aprendo Ensinando: experiências num espaço religioso, no último dia 12, às 18 horas, na Praça de Oxum do Terreiro da Casa Branca,Av. Vasco da Gama, 463.
Dois anos depois de iniciar o registro de sua trajetória em Resistência e Fé: fragmentos da vida de Valnízia de Aiyrá, de 2009, falando sobre pessoas que fizeram parte da sua vida, como a infância e a sua iniciação religiosa, a líder espiritual do Terreiro do Cobre, na nova obra,l ançada no dia do seu odún (data de iniciação), conta seu processo de aprendizagem com os erros, acertos, trocas e observações ao longo da formação e crescimento da família de axé.
A narração detalhada das situações com as dificuldades e êxitos demonstra a segurança de quem sabe e sente o que escreve, típico da experiência adquirida na academia da vida de onde faz questão de ser eterna aluna. Essa transparência é traduzida nas 100 páginas de discurso leve como uma conversa, tornando o leitor um amigo.
Desde o primeiro iniciado, Mãe Val conta a chegada e trajetória decadafilhoqueXangôdelegou a vida espiritual aos seus cuidados até hoje. Depois da primeira publicação, Mãe Val amplia o legado aos seus filhos e religiosos do Terreiro da Casa Branca (o mais o mais antigo terreiro da nação ketu no Brasil), onde foi iniciada.
O fato de conhecer detalhes de sua história por pesquisas antropológicas incomodou a sacerdotisa, que é tataraneta da africana Margarida de Xangô, que se instalou na Barroquinha,e bisneta de Flaviana Bianc de Oxum, que trouxe o Cobre para o Engenho Velho da Federação.
Convicta da importância de repensar suas ações, fazer o melhor e mudar no que for necessário,a autora abre espaço para filhos e amigos que expressam opiniões sobre o terreiro e sua líder em poesias e depoimentos. Atitude que revela a consciência do significado do registro na religião, que tem a oralidade e a vivência como meios básicos de repasse de conhecimento,e a consciência de ter muita história para contar.
“Para conhecer as histórias sobre minha tataravó Margarida de Xangô e sobre minha bisavó Flaviana Bianc recorri aos estudos de um historiador francês. Então, nesses anos todos  dessa minha trajetória espiritual eu fiquei pensando por que eu mesma não poderia contar as histórias da minha comunidade”, afirma Mãe Valnizia.
De acordo com a yalorixá, um dos objetivos desse novo livro é enriquecer a memória coletiva da comunidade religiosa que lidera. “Eu quero que no futuro os netos e bisnetos dos meus filhos-de-santo saibam de onde vem a sua ancestralidade e tenham consciência do que estão fazendo no Terreiro do Cobre”, acrescenta Mãe Valnizia.
A iniciativa tem o apoio da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e a parceria da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi); Fundação Pedro Calmon, da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia; Secretaria Municipal da Reparação (Semur) e APLB.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

E kú Òjo! Boas Chuvas!

A chegada do inverno é a oportunidade para mais uma bela reflexão de Mãe Stella, esta foi publicada em sua coluna quinzenal no Jornal A Tarde no último dia 22 de junho, acredito que irão gostar...
E o tempo continua “andando”.  Seria melhor dizer que na época atual o tempo continua “correndo”. O outono passou e o inverno já chegou para os habitantes do hemisfério sul, é claro. Relembro este fato porque parece que as pessoas se esquecem deste pequeno detalhe ao importar a cultura proveniente de outro hemisfério.
Enquanto a parte sul do planeta está vivenciando a primavera, a parte norte está em pleno outono. Isto muda tudo para o mundo místico e mágico. Aqui no Brasil, principalmente, os cursos de línguas estrangeiras estão comemorando o Halloween no auge da estação das flores, enquanto que nos Estados Unidos este ritual folclórico é festejado na estação vinculada à morte e aos mortos. É possível comemorar o “Dia das Bruxas” com o sol brilhando?… Afinal, as bruxas (muito mal interpretadas) são pessoas essencialmente noturnas, que necessitam de pouca luz para trabalharem com os seres de outras dimensões.
Nada contra a importação de culturas, como é o caso da Europa que pratica respeitosamente a capoeira, contanto que quem realize este ato conheça muito bem os fundamentos do que pratica. Muita gente pode dizer que tudo isto é uma grande bobagem, porém se refletirem sobre o sentido da passagem das estações, isto é, do ritmo do tempo, descobrirá um enorme significado concreto e, principalmente, abstrato.
Káàbò àkókò otútù! = Seja bem vindo inverno! Traga para nós as chuvas fertilizantes que caem do Òrun; que elas purifiquem nossos pensamentos, como puro são os pensamentos de Oxàlá, a divindade que se veste de branco, fazendo uso do simbolismo desta cor para nos lembrar a necessidade da pureza física e espiritual; que elas nos cheguem na medida certa, com equilíbrio, para que as residências de nossos irmãos não sejam afetadas; que elas nos façam lembrar que nossas crianças precisam de agasalhos, sejam eles tecidos de lã ou de afagos, de proteção que gera respeito, para que elas nos obedeçam quando dissermos (claro que “cortando a onda” delas): “Má wonú òjo, kí asó ò ré má ba tutu, ki òtútù ma ba mu é o” = “Não ande na chuva para evitar que sua roupa se molhe, para que não apanhe uma gripe”.
Não só as crianças, mas todos nós precisamos de cuidados específicos para cada período do ano. No inverno, doenças infecciosas produzidas por vírus e bactérias produzem sintomas como febre, cefaléia, mal-estar, dores no corpo… Os problemas respiratórios aumentam. Todos têm uma receita caseira para tratar os referidos sintomas: escalda-pés, chás diversos (com detalhes curiosos na preparação).
O povo é sábio! Na verdade, os conhecimentos científicos passam primeiro pela sabedoria popular para só depois serem comprovados pelo mundo acadêmico, retornando para o povo de maneira estruturada, isto é, o chá que nossa avó nos ensinou, a ciência nos transmite a medida certa que devemos tomá-lo, sem prejuízo para nossa saúde.
O inverno é tempo de aconchego. E o mesmo aconchego que aumenta a propagação dos vírus é aquele que nos aquece e dá condições de viver. A parábola do porco-espinho já é muito conhecida, mas não custa relembrarmos dela, pois de nada adianta um conhecimento se não o fixarmos, para assim incorporarmos ele na nossa vivência diária:
“Os porcos-espinhos estavam para serem extintos da terra, em um período de muito frio. Recorreram, então, a uma tática de sobrevivência. Ficaram todos muito juntinhos, a fim de aquecerem seus corpos com o calor do outro. Acontece que os espinhos de um feriam o outro. Resolveram afastar-se. A situação piorou, fazendo com que eles retornassem à antiga opção. Com o passar do tempo, aprenderam a conviver um com o espinho do outro. Afinal, era uma questão de sobrevivência.”
No caso de nós humanos, a necessidade de nos relacionarmos com os nossos semelhantes e, consequentemente, com os defeitos deles, seus “espinhos”, não é apenas uma questão de manter o corpo físico vivo, é também uma questão de sobrevivência emocional. Ferimo-nos mutuamente, mas  Oxàlá – Olowù nos deu de presente o algodão,para que possamos limpar as mágoas, as feridas de nossas almas.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Exposição Itinerante do Museu Afro Brasil

O Museu Histórico e Pedagógico Marechal Cândido Rondon, de Araçatuba, recebe desta sexta-feira a 16 de julho a exposição itinerante do Museu Afro Brasil "Emblemas Afro-Baianos de Rubem Valentim". A abertura é nesta sexta, às 20h, e a visitação é gratuita.

A mostra é composta por 14 obras produzidas com a técnica de serigrafia (processo de impressão a partir de um molde) pelo artista plástico Rubem Valentim. As imagens simbolizam o candomblé por meio de uma linguagem geométrica, do colorido típico dos trabalhos do artista, e de características ligadas ao concretismo (movimento artístico vanguardista com o intuito de acabar com a distinção entre forma e conteúdo). 





terça-feira, 22 de março de 2011

Mãe Stella de Oxóssi - um exemplo a ser seguido

Há 35 anos à frente do terreiro Ilê Axé Opó Ofonjá, ela ajudou a disseminar a cultura do candomblé

“Prudente, forte, flexível e intransigente, capaz e firme, sentada no trono que já lhe era devido por destino e por escolha.” Foi assim que o escritor Jorge Amado descreveu Mãe Stella de Oxóssi no livro ‘Bahia de Todos os Santos’ (1945).

Nascida em 1925 e enfermeira por formação, Maria Stella de Azevedo Santos, a Mãe Stella, foi escolhida ialorixá – mãe do orixá – do centenário terreiro Ilê Axé Opó Afonjá, localizado em São Gonçalo do Retiro, em 1976. Seguindo os passos das antecessoras, Mãe Stella desempenha uma liderança importante dentro do candomblé, e teve destaque com a oposição firme ao sincretismo religioso. “Ela combate a subordinação do candomblé a uma outra religião. Essa questão que ela colocou é muito séria porque envolve o combate ao preconceito”, explica o antropólogo Ordep Serra. A ialorixá dedica-se também às questões sociais e mantém no terreiro uma escola para crianças, que leva o nome da fundadora do Opó Afonjá, Eugênia Ana dos Santos – Mãe Aninha. Ela também é responsável pela criação, em 1980, do primeiro museu de um terreiro de candomblé, o Ohum Lailai, e é admirada pela inteligência, que foi eternizada em cinco livros publicados.

Assumindo o terreiro

Mãe Stella é a quinta ialorixá do terreiro Ilê Axê Opó Afonjá, criado em 1910 por Mãe Aninha. Com a morte da antecessora, Mãe Ondina, ela teve que assumir a missão, e há 35 anos comanda o terreiro que é considerado patrimônio nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). “Ela é uma das lideranças mais respeitadas do candomblé e uma ialorixá de uma das casas mais tradicionais da Bahia. Ela seguiu a tradição da fundadora Mãe Aninha, e à frente do Afonjá tem feito um trabalho magnífico. Destaca-se não só como sacerdotisa, mas como intelectual e líder popular”, afirma o antropólogo  Ordep Serra. 

Mas Mãe Stella é simplória ao falar de si: “Sou responsável pelo Afonjá e tenho obrigação de trabalhar em prol da moral, dos bons costumes e das boas ações”, declarou em entrevista à Metrópole TV, em março de 2010.

Oposição ao sincretismo

A liderança religiosa de Mãe Stella marcou para sempre a história do candomblé. Com oposição ferrenha ao sincretismo religioso, em 1983 a ialorixá apresentou na II Conferência Mundial da Tradição dos Orixás e Cultura, em Salvador, um manifesto contra a associação dos orixás aos símbolos da Igreja Católica.

Nessa luta, Mãe Stella teve o apoio de Mãe Menininha, Olga do Alaketu e Doné Ruinhó. “A importância de mãe Stella para o candomblé é decisiva quando ela diz que os nossos orixás bastam. Ela diz que não precisamos nos esconder atrás dos santos católicos. Mas o que também ela deixa claro é o respeito à religião católica e às outras religiões”, explica a historiadora e filha de santo de Mãe Stella, Vanda Machado.

‘Não temos tempo de prestar atenção aos opressores’

Apesar de deixar claro o respeito às outras religiões, Mãe Stella ainda enfrenta muito preconceito à frente do Opó Afonjá. Em novembro de 2009, invadiram o quarto de Oxalá, dentro do terreiro, e destruíram as instalações. Já em janeiro de 2010, o vandalismo ocorreu no quarto de Oxum, em um sábado, dia em que ela é celebrada. 

Em entrevista à Metrópole TV,em março de 2010, Mãe Stella disse que não se preocupava com o preconceito que a religião ainda sofre. “A discriminação existiu e ainda existe, e aí a resistência do candomblé e o povo do axé supera essas coisas todas. Nós não temos muito tempo para prestar atenção nos opressores e perseguidores.  Nós estamos trabalhando por uma causa que é a religião”, argumentou.

E Mãe Stella faz história mais uma vez...

O dia 02 de março de 2011 ficará marcado para sempre na História de Mãe Stella, do Candomblé e do Jornal A TARDE,  nas páginas de Opinião, a cada 15 dias, sempre às quartas-feiras, será publicado um artigo assinado pela ialorixá do Ilê Axé OpÔ Afonjá, Mãe Stella de Oxóssi.
É a primeira vez, desde a fundação de A TARDE em 1912, que uma ocupante do mais alto posto da hierarquia do candomblé se torna articulista de forma regular no periódico.

Publicações e reconhecimento

Além dos cinco livros que publicou, Mãe Stella foi homenageada diversas vezes pelo trabalho religioso. Em 2001, ela recebeu o prêmio jornalístico Estadão na condição de fomentadora de cultura; quando completou 70 anos de iniciação no candomblé, em 2009, foi homenageada com o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal da Bahia; e em 2010, a Câmara Municipal e Assembleia Legislativa, através do deputado estadual Bira Corôa (PT), adepto da religião, referenciaram o centenário do terreiro. “Ela representa um símbolo da resistência da mulher baiana e negra. É a representação de uma história viva de 100 anos de organização e afirmação de um templo religioso”, diz o parlamentar. A ialorixá recebeu ainda a comenda Maria Quitéria da Prefeitura de Salvador, e do governo da Bahia a Ordem do Cavaleiro.


Mãe Stella de Oxóssi, exemplo de mulher, de mãe, de asé, de brasileira...


“Brasil com Artes” mostra cultura africana na Biblioteca Pública da Bahia


 Exposição, valoriza a influência africana na Bahia

A exposição ‘Ori Orixá’ está aberta à visitação pública, desta segunda-feira (14) até 31 de março, das 8h30 às 21h, no foyer da Biblioteca Pública do Estado da Bahia (BPEB), nos Barris.
 
Realizada pelo Governo da Bahia, por meio da Fundação Pedro Calmon, unidade da Secretaria de Cultura (Secult), a mostra integra a programação dos 200 anos da Biblioteca e também faz parte do projeto ‘Brasil com Artes’, idealizado pelo artista plástico Rodrigo Siqueira e o antropólogo Vilson Caetano de Sousa Junior.
 
A mostra reúne 18 peças feitas com as técnicas mistas mais avançadas de escultura. As obras foram produzidas a partir de pesquisas etnoantropológicas de culturas africanas representadas pela cabeça, chamada de ‘Ori’ por algumas civilizações, para as quais elas simbolizam o universo.
 
De acordo com o artista plástico Rodrigo Siqueira, o objetivo do projeto é valorizar as matrizes, formadoras da cultura brasileira, expressas por meio de várias manifestações artísticas. Segundo ele, ‘Brasil com Artes’ é “uma inovadora proposta de valorização do belo a partir do reconhecimento da importância de novas leituras sobre as artes brasileiras, baseadas no diálogo e respeito aos diversos saberes manifestos nas múltiplas vozes, que compõem a complexa teia formadora das culturas no nosso País”.



Natural do Amazonas, Rodrigo Siqueira é artista plástico, figurinista, cenógrafo, carnavalesco e designer.

Exposição
Local: Biblioteca Pública do Estado da Bahia 
Data: de 14 a 31 de março, das 08h30 às 21h.
Gratuito